Terceirizada do Exército dos EUA deverá indenizar iraquianos torturados em Abu Ghraib
Um júri federal ordenou, nesta terça-feira (12), que uma empresa contratada pelo Exército dos Estados Unidos pague 42 milhões de dólares (R$ 242,4 milhões) em danos a três homens iraquianos que foram torturados na prisão de Abu Ghraib, informaram seus advogados.
A CACI Premier Technology, com sede em Arlington, Virgínia, foi considerada responsável por sua participação nas torturas infligidas aos homens nessa prisão perto de Bagdá, entre 2003 e 2004, de acordo com o Centro de Direitos Constitucionais.
Suhail Al Shimari, diretor de uma escola secundária, Asa'ad Zuba'e, vendedor de frutas, e Salah Al-Ejaili, jornalista, receberam uma indenização de 14 milhões de dólares cada um, informou o Centro em um comunicado. Os três iniciaram o processo em 2008.
A prisão de Abu Ghraib, a oeste de Bagdá, tornou-se um símbolo negativo da ocupação dos Estados Unidos no Iraque após a divulgação de provas de maus-tratos e tratamentos cruéis e degradantes a prisioneiros por parte de soldados americanos nessas instalações.
A maioria dos abusos ocorreu no final de 2003, quando os funcionários da CACI trabalhavam na prisão, segundo a ação judicial.
Os funcionários civis da empresa foram acusados de ter incentivado os soldados americanos a maltratar os prisioneiros para prepará-los para os interrogatórios.
Foram apresentadas acusações criminais contra 11 guardas de baixo escalão, incluindo a ex-especialista da reserva do exército Lynndie England, que aparecia sorrindo em fotografias enquanto posava ao lado de prisioneiros nus.
A ação contra a CACI foi movida com base em um artigo do código americano que permite a cidadãos não-americanos apresentarem ações em tribunais dos EUA por violações dos direitos humanos cometidas fora do país.
A CACI alegou que a maioria dos supostos abusos foi autorizada pelo então secretário de Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, e incorporados às normas de combate pelos comandos militares da prisão.
"Hoje é um grande dia para mim e para a Justiça", declarou Al-Ejaili em um comunicado. "Esta vitória é uma luz brilhante para todos os oprimidos e um forte aviso para qualquer empresa que pratique diferentes formas de tortura e abusos."
Y.Theisen--LiLuX